Por que Trump não Tweeta sobre automação?


              Donald Trump alicerçou grade parte de seu discurso na promessa de devolver aos   americanos os seus empregos, será que ele sabe que seu próprio emprego está a perigo por causa de sua promessa? Leia este interessante artigo de Thomas H. Davenport, publicada na Havard Bussiness Review.




Desde que conquistou a presidência dos Estados Unidos em novembro, Donald Trump twettou frequentemente sobre a diminuição dos postos de emprego. Ele está furioso com as empresas que planejam transferir empregos para o México ou para a China. Ele assumiu o crédito de convencer empresas, incluindo a Ford e a Carrier Corporation, de manter seus empregos no país. Ele se opõe irredutivelmente à terceirização e aos grandes tratados comerciais como a NAFTA e à TPP (Parceria Transpacífico) devido às perdas de empregos americanos que eles poderiam produzir.
A automação, contudo, não parece vir à sua mente como um todo. Ele não fala ou twetta sobre o assunto, não reclama sobre a perda de empregos resultante dela. Economistas, contudo, incluindo o economista do trabalho do MIT, David Autor, argumenta que a automação é uma causa muito maior da perda de empregos na indústria de transformação do que a terceirização ou os acordos de livre comércio. E assim como eu e outros temos argumentado, novas tecnologias de automação terão idênticos impactos sobre a não utilização de trabalhadores na produção.   

Greg Hayes, O Presidente da United Technologies, empresa mãe da Carrie Corporation, admitiu que a automação eventualmente venceria na altamente visível negociação entre Trump e a Carrier quanto à planta em Indiana. Alguns dias após Trump supostamente ter salvo 750 empregos na Carrie, Hayer revelou em uma entrevista na CNBC com Jim Cramer que “Nós faremos investimentos de 16 bilhões de dólares naquela fábrica em Indianápolis para automatizar e levar a uma redução dos custos a fim de que possamos continuar a ser competitivos...Porém isso significa, em última análise, que haverá menos empregos “ (ênfase do autor). O Presidente Obama percebeu que a automação é um sério problema, embora sua administração não ter feito muito para resolver o assunto. Em seu discurso de despedida à nação, no último dia 10 de janeiro, ele observou: “Mas a próxima onda de deslocamento da economia não virá de além mar, ela virá da do ritmo implacável da automação que fará muitos dos bons empregos da classe média obsoletos. 

Bem, então por que Trump não tweetta sobre automação? Mais geralmente, por que a campanha presidencial não devota mais atenção ao assunto? E por que nós como sociedade não temos começado a abordar mais seriamente o assunto da automação baseada na perda de empregos? A falta de atenção de Trump sobre o assunto em boas e más razões. A má é mais cômica, e vamos começar com ela, Trump virtualmente nada sabe sobre tecnologia, ele não usa qualquer outra mais senão um smartphone. Além disso, a indústria em que ele trabalhou – construção de imóveis, hotéis e resorts, estão entre os que menos sofisticados na sua utilização de tecnologia de informação. Então, ele não está bem preparado para entender a dinâmica da perda de empregos devido à automação. 

O outro inconveniente para Trump é que o fenômeno da automação não se deve a transações e negociações comerciais. O autor de “The Art of the Deal” claramente tem uma predileção por lutar contra oponentes em negociações altamente visíveis.  Mas é difícil negociar no que se refere à perda de empregos com a automação. Ela é a silenciosa assassina do trabalho humano, eliminando emprego após emprego durante um período de tempo. Empregos frequentemente desaparecem por atrito. Não há uma instalação visível para responder sobre ela, nem press releases de um rival estrangeiro para contê-la. È um tema complexo que não atrai os holofotes das emissoras de TV ou a bravejadas pelo Twiter. 

O objetivo final da tecnologia de informação é aumentar a produtividade, Aumento de produtividade é um fator primário para o crescimento econômico de longo prazo, e o aumento de produtividade americano tem sido inexpressivo na última década. Então, a economia necessita de aumentos de produtividade e não o contrário. Além disso, empresas individuais normalmente precisam de aumentar a produtividade para sobreviver a longo prazo. Qualquer política que queira apelar para a comunidade de negócios seria relutante em provocar uma guerra contra a automação. Em complemento, o trabalho substituído pela automação historicamente não tem sido muito gratificante. O mais estruturado, trabalho repetitivo tem sido os primeiros a serem automatizados nas gerações anteriores. Isto tem libertado os humanos para executarem tarefas desafiadoras e criativas. Em alguns casos, como quiosques automatizados, comércios on line e terminais bancários automáticos (ATMs), que têm tornado a vida mais conveniente para os clientes. Um campanha política baseada na eliminação de caixas automáticos, por exemplo, seria improvável para aumentar os votos. 

Outro fator que limita o engajamento político quanto ao assunto é que se trata de um problema de difícil solução, Eu escrevi um livro em coautoria sobre como humanos podem preservar seus empregos em um mundo cada vez mais rodeado de máquinas inteligentes, então eu acredito que existem respostas, mas elas não são facilmente resumidas em uma breve discursão. As respostas simples para a ameaça como “mais educação" ou "reconversão de trabalhadores deslocados" não são suficientes para lidar com este problema complexo.  

Finalmente, sempre existe a fé em alguns quadrantes de que os empregos perdidos retornarão. É verdade que ondas de automação anteriores não reduziram o nível de emprego a longo prazo. Economista uma vez cunharam a expressão  “a falácia dos Luditas” para aqueles que acreditavam que avanços tecnológicos eliminavam empregos humanos. Mas agora muitos economistas, incluindo Larry Summers, estão preocupados que os exemplos passados não irão se repetir nesta etapa da automação. Contudo, nenhum político quer ser visto como um Ludita, Existe ainda, contudo, outra razão para não se falar sobre a ameaça da perda de empregos devido devido à automação. É que infelizmente muitos dos trabalhadores nos Estados Unidos perderão os empregos durante o primeiro mandato presidencial. Outros candidatos que entendem de tecnologia e seus impactos e que podem  propor soluções, simplesmente, podem estar seguros de que o próprio Trump perderá seu emprego após o primeiro mandato.





Traduzido de Why Trump Doesn’t Tweet About Automation, escrito por Thomas H. Davenport, por Claudio Schueler Baroni.



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