A IMPORTÂNCIA DE CULTIVAR A GENEROSIDADE


Acabei de ler uma postagem no LinkedIn que me chocou e me fez pensar que, apesar de toda informação sobre inteligência emocional, empatia, feedback, proatividade e tantas outras qualidades que permeiam uma boa gestão, ainda existem aqueles que ainda agem como se estivessem na 1ª Revolução Industrial.

Na postagem mencionada, uma candidata a emprego foi entrevistada e até é elogiada pelo entrevistador, mas quando ela perguntou quando ou se será contratada o seu interlocutor respondeu que dependeria do orçamento e que não teria prazo para responder, um verdadeiro descaso para com quem busca uma nova oportunidade no mercado neste momento tão difícil da nossa economia.

Infelizmente, bondade é uma qualidade bastante escassa nos dias de hoje e também era no passado, ocorre que não é raro um que ato impensado de descortesia pode ter um efeito bumerangue, voltando-se contra a própria pessoa ou empresa que desse modo age.

Recordo-me de um servidor de um cartório que atendeu de maneira extremamente descortês a um advogado recém-formado que veio ao seu balcão e, a princípio, nada de mais lhe aconteceu, nem seu chefe nem o juiz lhe chamaram a atenção, tudo parecia ter acabado bem e o episódio foi esquecido.

Alguns anos mais tardes, porém, aquele advogado prestou concurso para juiz e depois assumiu a titularidade da serventia em que aquele funcionário trabalhava, e nem preciso contar o final da estória.

Algum tempo depois que meu pai se aposentou, meu tio o convidou para fazer alguns serviços em sua empresa de metalurgia e entre esses serviços estava o de fazer depósitos bancários e retirar dinheiro e meu pai sempre reclamava de determinado banco no qual ele tinha que ficar horas na fila.

Pouco tempo depois, quando eu ainda trabalhava como escriturário no Banco do Estado de Minas Gerais, algumas vezes eu precisei ir ao mesmo banco privado de que meu pai reclamava para adquirir os vale-transporte dos funcionários de minha agência e também enfrentei o mesmo problema e me indignava que os chamados clientes “vip” eram separados dos demais com divisórias e mesas exclusivas.

Ironicamente, alguns anos depois, quando eu já trabalhava na Justiça Federal com função comissionada, recebi diversos telefonemas de gerentes do mesmo banco que tratou mal a mim, a meu pai e a tantos outros invisíveis que não podem depositar um valor considerável em seus caixas.

Uma gerente chegou a marcar uma visita a minha casa para que eu abrisse uma conta com tarifas gratuitas por um mês para eu experimentar e, diante da insistência, concordei e abri a conta. Quando terminou o mês fui à agência com um documento pedindo o encerramento da conta e devolvi o cartão e o talão de cheques sem uso.

O Mestre dos mestres nos legou uma regra de ouro, a saber, "Façam aos outros o que querem que eles façam a vocês, ” e isto vale mesmo que a possibilidade de aquela pessoa nos retribuir seja nenhuma.

Tanto no Bemge quanto na Justiça Federal minhas primeiras atribuições foram atendendo balcão, e principalmente no Bemge eu precisava atender dezenas de idosos e até pessoas mentalmente desequilibradas, o que exigia paciência e a única retribuição, e que vale mais do que qualquer outra, era um agradecimento e, acima de tudo, a consciência do dever cumprido.

É certo que há momentos em que por alguma razão somos levados a comportamentos negativos, negligentes e até intolerantes, mas isso não é sempre e, se for, é preciso recorrer a um serviço de psicologia ou pelo menos tirar férias, se não for o caso de se aposentar ou procurar um outro trabalho.

Por outro lado, nem sempre gentileza gera gentileza, nem sempre o bem que fazemos é retribuído com outro bem, mas uma coisa é certa, não existe nada mais gratificante do que perceber que aquilo que fizemos, seja grande ou pequeno, fez diferença na vida de uma pessoa, resolveu o seu problema ou pelo menos lhe deu uma resposta e aliviou sua ansiedade, e assim, tratemos o próximo assim como queremos ser tratados por ele.







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